Já faz um tempo que eu tinha essa vontade de experimentar fazer um triátlon completo: Nadar, pedalar e correr. Então um amigo "virtual" me falou dessa competição em Caiobá e me atiçou bastante. Meu maior problema era a questão da bike. Não tenho nenhuma "mountain bike" e muito menos a tal da "speed". Mesmo assim a minha vontade de participar foi maior do que a minha vergonha. Mandei um e-mail pro organizador (Luiz Iran) do evento e perguntei se teria algum impedimento de participar da competição usando a minha bike "roots", até mandei foto pra garantir, ele falou que não tinha problema o que era proibido era fazer o tal do "vácuo" rsrs.
O Luiz Iran era o responsável pelo evento, quero deixar um agradecimento especial a ele, pois foi sempre muito gentil e compreensivo comigo sempre que eu o procurava para esclarecer minhas dúvidas. Ele é um baita incentivador do esporte e gostei muito de conhece-lo.
O Luiz Iran era o responsável pelo evento, quero deixar um agradecimento especial a ele, pois foi sempre muito gentil e compreensivo comigo sempre que eu o procurava para esclarecer minhas dúvidas. Ele é um baita incentivador do esporte e gostei muito de conhece-lo.
Então me inscrevi na categoria "sprint" (750 m de natação, 20 km de bike e 5 km de corrida) que possuí as distâncias menores, diferente da categoria "olímpica" onde as distâncias são 1500 m de natação, 40 km de pedalada e 10 km de corrida. Meu principal objetivo nessa competição era conhecer a dinâmica e assim poder me preparar melhor para as próximas competições e aí sim, entrar mais competitiva.
Quando meu amigo Luiz Henrique (o mesmo que me fez o convite para participar do tri) viu essa foto, ficou bem preocupado com a minha performance e até tentou emprestar uma bike decente pra mim, mas não rolou. Na noite de sábado, durante a reunião técnica, comecei a me sentir bem mais intimidada diante do porte dos participantes, então o meu amigo Homer que acampou com a gente e nos acompanhou, teve a iniciativa de me ajudar tirando os para-lamas e o bagageiro. A cestinha também deveria sair, mas resolvi deixar já que mesmo com os ajustes finais nem de longe eu teria alguma chance com essa bike. E no final ela ficou assim:
Roots |
Eu estava uma pilha de nervos, acho que só quem está na pele e participa de competições pode entender o que eu sinto e como é difícil ter que lidar com gente que pra tudo diz "relaxa" como se isso fosse realmente ajudar em alguma coisa. Depois da reunião técnica pegamos um "japonês" pra jantar e depois dormir na barraca.
Tentando relaxar com a galera que me acompanhou nessa viagem - Darian, Homer e Sabrina (minha equipe de "apoio" rs) |
Acordava de hora em hora, frio, chão duro, preocupada com o tempo e todos os detalhes. Levantei às 06h50m e comecei a me arrumar, às 07h25m o meu "apoio" começou a colocar a bike no carro, sendo que o limite pro check in da bike na área de transição era até as 07h45m. Então entrei no modo "desespero" e comecei a pirar. E o tal só no "relaxa"... afff
Em cinco minutos chegamos no lugar onde deveria deixar a bike, recebi a marcação e então já comecei a sentir a humilhação. Só tinha daquelas bikes FODA MESMO. Eu me senti levemente intimidada, mas ainda tava segura de que conseguiria de qualquer jeito. E lá fui eu bem humilde fazer o meu trabalho.
Zona da humilhaçã... digo, transição. rs |
Deixei a bike, meu tênis e meus apetrechos todos ajeitados (olhei como os outros atletas faziam pra ter uma noção melhor) e fui pra praia me aquecer.
O dia estava LINDO, a água estava realmente bem fria mas bem gostosa, eu estimava terminar a natação em aproximadamente 20 minutos e foi isso mesmo que fiz.
Cheguei na transição bem feliz e tranquila, pois em mente eu iria "descansar" na pedalada pra poder correr no final. Mas assim que comecei a pedalar e passei na primeira curva meu selim baixou total e ficou solto. Não sabia se chorava, se voltava pra pedir pra alguém apertar, se continuava daquele jeito... Lamuriei e resolvi continuar, afinal "o que é um peido pra quem tá cagado". Fui, pedalei 20 km xingando mentalmente cada pedalada, foi um sofrimento, um desconforto e uma vergonha ainda maior do que eu tinha imaginado. Foram os 20 km mais difíceis e chatos que percorri na vida. Cada vez que uma bike me ultrapassava eu pensava: "Só pra minha cara mesmo..." A minha "sorte" é que não tinha nenhum morro assustador e o percurso foi todo em asfalto. Tenho certeza absoluta que se o selim da bike estive firme e ajustado corretamente eu teria feito esses 20 km em um tempo menor e não teria me desgastado tanto.
Forcei muito a parte posterior da coxa tendo que pedalar rápido naquela posição totalmente instável e desconfortável. Me senti torturada e quando finalmente cheguei na transição pra corrida me senti absurdamente aliviada e corri os 5 km tranquila pois já tinha certeza absoluta que estava em último lugar na minha categoria e qualquer esforço extra ali já não fazia o menor sentido. Só estabeleci uma meta pessoal de terminar em menos de 2 horas e consegui.
Foi no "pau da goiaba" mas completei meu primeiro triathlon em 1h58m34s . Satisfeita apesar dos pesares.
Chegada depois de correr 5 km :D |
Minhas parciais de tempo foram:
NATAÇÃO - 750 m - 24 minutos 53 segundos
BICICLETA - 20 km - 1 hora 06 minutos 35 segundos
CORRIDA - 5 Km - 27 minutos e 06 segundos
TOTAL : 1 hora 58 minutos e 34 segundos
Já participei de muitas provas principalmente corrida e até algumas travessias e nessas competições geralmente encontro pessoas "normais" que costumam ser amistosas e cordiais. Ao participar desse triathlon, notei que os atletas são muito mais "carrancudos" e metidos. Pude notar que a maior parte deles são uns baitas "playboys" ultra-competitivos e não estão lá pra brincadeira. Admiro e acho muito legal quem leva o esporte com profissionalismo mas acho se a pessoa não for egocêntrica nada impediria de ser gentil e cordial com os "atletas amadores". Tipo era minha estréia e eu tinha infinitas dúvidas e não me acanhava em perguntar. Na prova era proibido o tal do "vácuo" (no ciclismo) mas muitos me deixaram no "vácuo" - literalmente quando eu me dirigia pra tirar as dúvidas. Era uma resposta seca e olhe lá, tipo: "sim!", "não", "Por lá!"... não tinha nenhuma conversinha e nada de um bate-papo amistoso, como se eu fosse uma competidora muito perigosa mesmo hahaha. Mas nas chegadas eu sentia muita energia boa vindo dos expectadores e da torcida, com bastante palmas, gritos de incentivo, parabéns, etc. Muito legal mesmo.
Alguns elogiaram a minha "garra" e "coragem" em competir com a minha bike e nadar naquela água gelada sem roupa de borracha, mas também senti alguns deboches e discretas risadinhas, nada que afetasse a minha determinação. Muito pelo contrário: toda dificuldade que enfrentei só fez com que o gostinho de concluir essa prova fosse mais especial. Tenho certeza que consigo completar até na modalidade olímpica, pois disposição eu tenho de sobra o que me falta é o equipamento adequado e treinar mais a técnica. Mas não passo de uma reles mortal que adora um desafio, quem sabe um dia eu chegue lá!!
No geral achei a prova muito bem organizada, o kit veio com uma camisa manga longa bem bonita e de qualidade, um boné do evento, barrinha de cereal, um sachê de gel e "squeeze". Espero poder participar das próximas etapas e até lá já está com um equipamento melhor e treinar mais.
Minha medalha - frente e verso :) |
Agradeço aos meus amigos que acompanharam e aguentaram meus surtos durante esse final de semana. Obrigada pelas fotos, vídeos e torcida. Obrigada ♥
4 comentários:
Mas que perrengue esse da Zica heinn...
Não dá nada não, toda boa aventura tem dessas coisas, é mais uma história para tu contares.
E nunca relaxe diante das adversidades... Sejam provenientes do acaso ou do destino, os dissabores do caminho despertam capacidades que, em circunstâncias favoráveis, ficariam adormecidas... Persista sempre!
O sabor da conquista tu já conhece.
Oi Pri,
Não estressa com estes tipos de atletas falando em ciclismo a maioria é assim, só quando você conversar com um cicloturista vai ver que a diferença é grande.
Se quiser entrar no ciclismo procure os bikefit na internet para ver o tamanho da bike ideal para vc.
Ando bastante de bike e tenho os dois modelos montambike e speed.
Uma dica antes de comprar uma bike para esse tipo de esporte verifique se as provas sempres são no asfalto e já lhe digo a speed tem um rendimento muito melhor.
Ano passado participei pela primeira vez do Marcio May em Rio do Sul na prova de 45 km para amadores e tinha cada um com umas bikes top que olham a gente de cima para baixo ± assim (esse nem da para o inicio) mas no final o que vale é ter perna e uma bike leve que ajuda muito.
Não desanime e continue assim que vc chega lá.
Abraços
Fabiano W
Obrigada queridos Sérgio e Fabiano pelos comentários carinhosos e motivadores!! São pessoas como vocês que me fazem sentir motivação pra continuar mesmo quando tudo conspira contra... Não é fácil. As vezes sinto vontade de desistir de tudo mesmo. Abraços ♥
Eu só tenho a lhe dar os Parabéns por esta coragem, e este "desprendimento" que a maioria dos atletas NÃO tem. Você é uma atleta de verdade. Realmente já participei de provas de triathlon em Caiobá, e ninguém é amistoso, nem mesmo o organizador. Quem dera os participantes que se acham a azeitona do pastel. Bikes então, quem tem "as mais caras" parece que ficam mais burros e grossos. Infelizmente é assim. No congresso técnico, os "esporros' e as risadas são uma constante. Deveriam no congresso, confraternizar e não "esporrar". Quanto as risadinhas na praia, isso é de todo mundo. Se o cara tem um macaquinho simples, é motivo de risos, se não tem roupa de borracha, é gargalhada mesmo. Se perguntar "a saída é por onde" como eu fiz, o atleta super foda me olhou de cima embaixo e dei uma risada dizendo "não participou ontem ? virou as costas e foi embora. Enfim, penalidade é o que mais tem. Fui penalizado com um "vácuo" depois de ultrapassar um ciclista. Mas o que importa é o esporte. Pena, muita pena mesmoooo não levarem o triathlon a sério no Paraná. Em Santa Catarina a coisa é bem diferente. Lá pode até colegas te ajudar, e realmente o clima é de muita ajuda. Sou paranaense, mas triathlon aqui, é para os fodões. Deveriam chamar o Triathlon de Caiobá de IronMan ultra super hyper foda de Caiobá, mas enfim, enquanto houver atletas de verdade como voce, que rala no dia a dia e ainda tem a cabeça boa para a prática esportiva, teremos uma ponta de esperança. PARABÉNS, e que venham os próximos
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